sábado, 25 de fevereiro de 2012

O Artista

por Carolina Martins
É mudo. É em preto e branco. E é lindo.

“O Artista” é a produção mais inusitada dos últimos anos. Numa era na qual clássicos antigos estão sendo relançados em 3D, Michel Hazanavicius abriu mão de toda tecnologia avançada e, com uma metalinguagem emocionante, falou da Era Muda do cinema. Sem falar.


George Valentin (Jean Dujardin) é um ator de cinema mudo no auge da carreira, na década de 1920, que se vê naufragando com a chegada dos filmes falados. Já  Peppy Miller (Bérénice Bejo) é uma fã, que se torna amiga de George, se beneficia da novidade de Hollywood e vira uma estrela “falante” do cinema.

Para narrar a trajetória da sétima arte num filme mudo foram necessárias muitas metáforas. E muita sensibilidade para explorar todos os outros recursos que se tornam essenciais sem as vozes dos atores. Como por exemplo a capacidade de atuar.

Dujardin te conquista no primeiro olhar. As expressões faciais de um ator do século XXI, famoso na França mas ainda desconhecido mundialmente, te convencem que ele é na verdade um ator do início do século XX, que sentiu o gosto do sucesso e agora é obrigado a leiloar todos os bens porque não se adaptou às novidades tecnológicas da época e perdeu o emprego.  Bérénice Bejo não fica atrás. Olhos e sorriso marcantes refletem todas as emoções sem palavras. E sem caricaturas.

A trilha sonora é um capítulo à parte. Está presente, se impõe, compõe. E é linda.
O roteiro é tão delicado, as relações entre as personagens são tão ternas que, mais de uma vez, é possível se emocionar. O cachorro de George, fiel companheiro do ator, é responsável por muitos momentos que arracam lágrimas e também sorrisos do espectador - se houvesse um prêmio para melhor ator na categoria animais, ele seria hour concour. A dedicação sincera do motorista de George (James Cromwell) também emociona.

Para geração acostumada ao modelo enlatado de Hollywood, assistir um filme mudo e em preto e branco pode parecer um desafio. Mas a experiência é super válida pra quem estiver disposto a se entregar à trama. Até o comportamento das pessoas na sala de cinema é diferente. Você ouve cada suspiro, cada riso dos espectadores. Você ouve até o som do filme que está passando na sala vizinha, nos momentos de silêncio absoluto.

Não é só pela proposta de voltar aos velhos tempos que “O artista” se destaca. O diretor soube utilizar os recursos para construir uma história redondinha e, de quebra, homenagear o cinema.

E uma apaixonada por sapateado, como eu, pode lamentar não ouvir o som das chapinhas nas cenas da dança. Mas, sempre há supresas no final!

Vencedor de cinco Oscars
*Melhor filme
*Melhor ator – Jean Dujardin
*Melhor diretor - Michel Hazanavicius
*Melhor trilha sonora original
*Melhor figurino

O Sempre Teremos Cinema adverte: a pessoa que escreveu esse texto é completamente fascinada pela Era Muda do cinema e por isso é visível o encantamento e a predilação pelo filme em questão.

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