sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

A invenção de Hugo Cabret

por Carolina Martins





Quem gosta de cinema e se interessa pelo menos um pouquinho sobre a história da sétima arte tem que assistir “A invenção de Hugo Cabret”- que está longe de ser um filme infantil. Martin Scorsese usou e abusou da metalinguagem para narrar a trajetória do cinema. Da primeira exibição dos irmãos Lumière à fantasia e ilusionismo do francês Georges Méliès, o inventor dos efeitos especiais. E é usando a maior novidade dos efeitos especiais, a filmagem em três dimensões, que Scorsese usa Hugo (Asa Butterfield – de “O menino do pijama listrado”) para falar de cinema no cinema.

Órfão, Hugo vive em uma estação de trem na cidade de Paris, no início do século XX. Mesmo depois da morte do pai, ele continua empenhado no projeto que os dois tinham juntos: consertar um autômato.

No começo, o filme assusta com uma narrativa lenta que chega a entediar. A primeira sensação é de que serão longos 126 minutos de um menino vivendo sozinho, movido por encontrar a chave que aciona o mecanismo do boneco que representa a ligação entre ele o pai morto.


Mas, quando você menos espera, já está na pele de Hugo, fugindo com ele do policial inspetor que aterroriza as criancinhas (Sacha Baron Cohen – de “Borat”),  torcendo pela amizade dele com Isabelle (Chloe Moretz)  e querendo que ele descubra, e te explique, porque o autômato perturba tanto o senhor ranzinza, dono da loja de brinquedos da estação de trem, Pappa George (Ben Kingsley).

As máquinas nunca têm peças sobrando. Elas têm o número e o tipo exato de peças que precisam. Então, eu imagino que, se o mundo inteiro é uma grande máquina, eu devo estar aqui por algum motivo. E isso quer dizer que você também deve estar aqui por algum motivo


Mais do que um filme sobre filmes, “A invenção de Hugo Cabret” também discute, de uma maneira bem sensível, a suposta missão que cada um tem no mundo. Um tema denso, motivo de crises existenciais muito conhecidas do mundo adulto, mas que, definitivamente, não faz parte do universo das crianças.

O que encanta crianças – e adultos também – são as imagens. Eu nunca vi um filme “tão 3D” na minha vida. De fato, terceira dimensão. E os efeitos não são apenas adereços, compõem a trama também. Vale à pena pagar um pouquinho mais para pode usar os óculos.

A trilha é genuína e presente. É escutar para lembrar da França. Cumpre a função de ambientar o expectador e de sugerir o que ele deveria estar sentindo.
Ah! E Scorsese faz uma participação no filme. Afinal, é cinema no cinema.

Vencedor de cinco Oscars
*Melhor direção de arte
*Melhor fotografia
*Melhor edição de som
*Melhor mixagem de som
*Melhor efeito visual

3 comentários:

  1. O Scorsese aparece no filme?? Nem reparei!
    Ah, e eu devia ter pago pelos óculos, então, porque não vi nada de tão especial, a não ser a coincidência com o filme "O artista", que também fala de cinema no cinema. É um filme interessante, sim, mas parece que estamos com poucas opções para concorrer ao Oscar! Aliás, eu devo mesmo é não entender de filme, porque o "Onde os fracos não têm vez" (Oscar de Melhor Filme em 2008) teve minha reprovação total!

    ResponderExcluir
  2. O Scorsese aparece, Thaís. Rapidamente, mas aparece.
    E sim, semelhança total entre Hugo Cabret e O Artista - ambos falando do cinema, mas em linguagens completamente diferentes. Eu, particularmente, acho que O Artista será o grande campeão desse ano. Até porque, como vc falou, entre os filme indicados, nenhum abala corações. Quer dizer, O Artista abalou o meu, mas eu sou suspeita - sou encantada com era muda do cinema.

    ResponderExcluir
  3. Hugo é um filme visualmente lindo! Scorcese realmente pensou o filme em 3D, usando a tecnologia com boa fé - e não nos vendendo expectativas como vínhamos acompanhando os filmes em 3D desde então.

    Quando coloquei os óculos e fiz o tour na estação de metrô, logo no início do filme, pensei: "é... sou um dos expectadores dos Lumiére, fugindo para não ser atropelada pelo trem".

    Melhor que metalinguagem é ver a história do cinema sendo escrita!

    ResponderExcluir