domingo, 26 de fevereiro de 2012

Meia Noite em Paris

por Carolina Martins

Paris durante o dia. Paris ao entardecer. Paris na chuva. Paris à noite.

São cerca de três minutos de um passeio pelas ruas da Cidade Luz, passando pelos conhecidíssimos pontos turísticos e também pelas vielas da capital francesa, ao som de uma trilha que vai ficar na sua cabeça por um bom tempo.


É assim que começa “Meia Noite em Paris”. Woody Allen resolveu apresentar a cidade antes, caso alguém ainda não fosse suficientemente encantado pelo lugar. Ou, mesmo que continuasse indiferente, que pelo menos entendesse o encantamento de Gil Pender (Owen Wilson) – um escritor americano que largou os roteiros rasos de Hollywood com o intuito de escrever um romance profundo. Gil está em Paris com a noiva Inez (Rachel McAdams) e os sogros, que não fazem questão de esconder o desapontamento com o escolhido da filha. E em Paris, Gil também começa a se perguntar se deveria realmente se casar com alguém com prioridades tão diferentes. Gil na verdade começa a se perguntar sobre o sentido da vida. Tudo isso com ajuda de Ernest Hemingway, Gertrude Stein, Scott Fitzgerald e outros “colegas” da geração perdida da década de 1920.

Mas não, não é um filme de época. A história se passa em 2010.




Uma viagem, à meia noite, à Paris do início do século XX pode mudar a vida de qualquer um. Afinal, você pode se apaixonar pela amante de Pablo Picasso e descobrir que seu noivado não tem muita coerência. Como aconteceu com Gil.




O presente é assim. Um pouco insatisfatório porque a vida é um pouco insatisfatória

Mesmo em Paris, fugir do presente não resolve tudo. Mas, permite epifanias. Inclusive pra quem só assiste. Até porque, se deliciar com os vestidinhos dos anos 20, as pinturas de Monet, as esculturas de Rodin e os bastidores da vida íntima dos figurões da geração perdida já vale a pena.

Os mais racionais podem reclamar da viagem de Woody Allen e buscar uma explicação lógica para o filme. Mas, nem tudo precisa fazer sentido. Se fizesse, não seria Woody Allen. E a graça está em buscar um alternativa para essa falta de sentido. Gertrude Stein, inclusive, dá essa dica pros espectadores. Cada um que construa a sua própria lógica.
Vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Original.

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