
São cerca de três minutos de um passeio pelas ruas da Cidade Luz, passando pelos conhecidíssimos pontos turísticos e também pelas vielas da capital francesa, ao som de uma trilha que vai ficar na sua cabeça por um bom tempo.
É assim que começa “Meia Noite em Paris”. Woody Allen resolveu apresentar a cidade antes, caso alguém ainda não fosse suficientemente encantado pelo lugar. Ou, mesmo que continuasse indiferente, que pelo menos entendesse o encantamento de Gil Pender (Owen Wilson) – um escritor americano que largou os roteiros rasos de Hollywood com o intuito de escrever um romance profundo. Gil está em Paris com a noiva Inez (Rachel McAdams) e os sogros, que não fazem questão de esconder o desapontamento com o escolhido da filha. E em Paris, Gil também começa a se perguntar se deveria realmente se casar com alguém com prioridades tão diferentes. Gil na verdade começa a se perguntar sobre o sentido da vida. Tudo isso com ajuda de Ernest Hemingway, Gertrude Stein, Scott Fitzgerald e outros “colegas” da geração perdida da década de 1920.
Mas não, não é um filme de época. A história se passa em 2010.
O presente é assim. Um pouco insatisfatório porque a vida é um pouco insatisfatória
Mesmo em Paris, fugir do presente não resolve tudo. Mas, permite
epifanias. Inclusive pra quem só assiste. Até porque, se deliciar com os vestidinhos dos anos 20, as pinturas de
Monet, as esculturas de Rodin e os bastidores da vida íntima dos figurões da
geração perdida já vale a pena.
Os mais racionais podem reclamar da viagem de Woody Allen e buscar uma explicação lógica para o filme. Mas, nem tudo precisa fazer sentido. Se fizesse, não seria Woody Allen. E a graça está em buscar um alternativa para essa falta de sentido. Gertrude Stein, inclusive, dá essa dica pros espectadores. Cada um que construa a sua própria lógica.

Vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Original.
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