sexta-feira, 9 de março de 2012

A Guerra está Declarada


por Luiz Noronha

Talvez o que a juventude tenha de melhor é a quase ausência de medo que pode existir em relação ao futuro. Viver o presente é uma espécie de fluxo natural dessa fase da vida na maioria das pessoas. Porém a vida é implacável e ninguém passa incólume por ela.

É esse o ponto de partida dessa intensa história de amor entre Roméo (Jérémie Elkaïm) e Juliette. Um casal que como outro qualquer descobre que terão um filho e que a partir do nascimento dessa criança suas vidas mudariam substancialmente.

Depois de perceberem assimetrias no rosto de Adam, seu filho, e que ele apresentava retardo em andar, Roméo e Juliette decidem levar o menino para fazer exames. Vem a constatação: Adam tem um tumor na cabeça. A vida tinha dado um duro golpe aos dois. Assustados, o casal mobiliza toda a família em busca de tratamentos para a cura de Adam. Quando a vida de um filho está em jogo, nada mais é prioridade.

Por que isso aconteceu conosco? Porque somos capazes de superar isso. 

A diretora francesa Valérie Donzelli (que também interpreta a protagonista Juliette) faz o que muitos cineastas já fizeram e transporta para tela suas experiências pessoais. Ou pelo menos parte delas. Numa mistura de fatos reais e ficção, Donzelli imprime com destreza sua marca na condução da história.

Apesar da história do problema de saúde de Adam comover qualquer pessoa, ao longo dos 100 minutos o que se vê é um filme realista não caindo em um sentimentalismo barato. Ainda que a fácil armadilha de cair em um melodrama, visto o conjunto de elementos que compõe o enredo do filme, é rapidamente afastada por meio da acertada mão da diretora.

Esta brilhante produção francesa impressiona pela simplicidade em se contar uma história que poderia apenas fazer chorar e que vai muito além disso. Na verdade é impossível não pensar em temas como morte, vida e o quanto se pode ser forte em uma situação adversa envolvendo um filho ou uma pessoa próxima. O que fica é a dilaceração do ser humano e a vulnerabilidade de todos. É preciso superar esses obstáculos e ninguém disse que seria fácil. Por isso, a guerra está declarada.

2 comentários:

  1. Gostei de como a diretora apresentou o drama.
    Ao se conhecerem e revelarem seus nomes, Roméo pergunta:
    - Estaremos fadados a um destino terrível?
    A questão pode levar o expectador a esperar por uma narrattiva densa, antecipada pela sinopse. Mas não. É um problema difícil, indiscutivelmente. Só que é um drama vivido por jovens - e o filme toma esse tom.
    E o final...bem, é um final de Romeu e Julieta. E um grande amor.

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