sábado, 10 de março de 2012

Medianeras

por Carolina Martins

Hoje eu li a seguinte conclusão na timeline do meu facebook:

''Meu avô não tinha eletricidade e teve 9 filhos.
Meu pai já tinha TV e ele teve 2.
Agora tenho Facebook e acho que a família termina aqui.''

Pode parecer exagero, mas é mais ou menos assim que caminha a humanidade nesta era tecnológica. E é essa nova realidade que Gustavo Taretto retrata em “Medianeras – Buenos Aires na era do amor virtual”. O filme argentino fala sobre o parodoxal sistema que permite uma quantidade infinita de conexões com pessoas de qualquer parte do planeta mas que ao mesmo tempo isola cada vez mais o ser humano.

No entanto, esse ser cibenético continua tendo as mesmas necessidades do homem de antigamente. Precisa de um companhia, precisa de contato físico, precisa de sexo. É por isso que Mariana (Pilar López) insiste em saber “onde está Wally”, mesmo depois de sair de um longo relacionamento que não deu certo. Após a separação, ela volta a morar sozinha no antigo apartamento e descobre que tem um vizinho pianista. É ele quem faz a trilha sonora da vida dela. Uma sacação feliz de Taretto, que brinca com esse recurso em vários momentos do filme. E dá certo.

Mariana é arquiteta mas, trabalha montando vitrines. E é com os manequins de plástico que ela mantém as relações mais íntimas, dividindo a rotina, o café da manhã e a solidão.

O webdesigner Martin (Javier Drolas) foi abandonado pela namorada. E desde então o cachorro dela e o computador fazem companhia pra ele. Meio hipocondríaco e com síndrome do pânico, levar o melhor amigo para passear e a única coisa que obriga Martin a sair de casa. O resto ele faz pela internet.

Dois vizinhos meio estranhos e solitários que poderiam dividir a bizarrice e a solidão. Mas, eles não se conhecem. Apesar de se cruzarem quase sempre pelas ruas de Buenos Aires. E de conversarem pela internet sem saber quem são.

Um roteiro simples e bem-humorado que trata com leveza problemas que, podem parecer esquisitos, mas que todo mundo tem. Em maior ou menor grau.
E não. Não é piegas.

Por tudo isso “Medianeras” vale a pena. Inclusive para descobrir o que são medianeras.

sexta-feira, 9 de março de 2012

A Guerra está Declarada


por Luiz Noronha

Talvez o que a juventude tenha de melhor é a quase ausência de medo que pode existir em relação ao futuro. Viver o presente é uma espécie de fluxo natural dessa fase da vida na maioria das pessoas. Porém a vida é implacável e ninguém passa incólume por ela.

É esse o ponto de partida dessa intensa história de amor entre Roméo (Jérémie Elkaïm) e Juliette. Um casal que como outro qualquer descobre que terão um filho e que a partir do nascimento dessa criança suas vidas mudariam substancialmente.

Depois de perceberem assimetrias no rosto de Adam, seu filho, e que ele apresentava retardo em andar, Roméo e Juliette decidem levar o menino para fazer exames. Vem a constatação: Adam tem um tumor na cabeça. A vida tinha dado um duro golpe aos dois. Assustados, o casal mobiliza toda a família em busca de tratamentos para a cura de Adam. Quando a vida de um filho está em jogo, nada mais é prioridade.

Por que isso aconteceu conosco? Porque somos capazes de superar isso. 

A diretora francesa Valérie Donzelli (que também interpreta a protagonista Juliette) faz o que muitos cineastas já fizeram e transporta para tela suas experiências pessoais. Ou pelo menos parte delas. Numa mistura de fatos reais e ficção, Donzelli imprime com destreza sua marca na condução da história.

Apesar da história do problema de saúde de Adam comover qualquer pessoa, ao longo dos 100 minutos o que se vê é um filme realista não caindo em um sentimentalismo barato. Ainda que a fácil armadilha de cair em um melodrama, visto o conjunto de elementos que compõe o enredo do filme, é rapidamente afastada por meio da acertada mão da diretora.

Esta brilhante produção francesa impressiona pela simplicidade em se contar uma história que poderia apenas fazer chorar e que vai muito além disso. Na verdade é impossível não pensar em temas como morte, vida e o quanto se pode ser forte em uma situação adversa envolvendo um filho ou uma pessoa próxima. O que fica é a dilaceração do ser humano e a vulnerabilidade de todos. É preciso superar esses obstáculos e ninguém disse que seria fácil. Por isso, a guerra está declarada.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Os fantásticos livros voadores

Este belíssimo curta de animação, vencedor do Oscar 2012, leva o espectador a refletir sobre o significado e valor do livro. The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore é sensível e faz um convite para que todos visitem esse mundo de esperança. Entrar nesse novo lugar é colorir os sentidos.